Ontem antes de sair de casa para o trabalho, algo me intrigou. Estavam meus dois irmãos mais novos pintando, fazendo
aquarelas. Quando estava para sair de casa o desenho do meu irmão do meio me chamou atenção, no entanto fiquei confuso. As figuras dos morangos eram desenhos de habilidade motora superior a seis anos. Mas o gesto das pinceladas era infantil.
Perguntei ao mais
novinho, de apenas cinco anos, se o desenho era dele, ele me respondeu que não, e logo trouxe o dele para eu ver. De fato, não era uma obra prima, nem um desenho mirabolante de macaco (dane-se a rede globo e seu conceito de arte). Mas era uma pintura com um gestual solto, seguro, com sobreposições de cores e
trasparências, efeitos sugestivos de reflexo. Não precisei perguntar nada. Ele já me veio com seus conceitos. Aliás seria uma
experiuência interessante perguntar a ele mesmo quem tiver a oportunidade, e por ventura quiser saber do que se trata.
Então fiquei imaginando. De certo que a arte
contemporânea já está saturando, eu não aguento mais. É fato que alguns artistas, que infelizmente não gravei o nome, mas seus trabalhos ficarão sempre me deixando perplexo, já estão produzindo algo que eu não definiria de qualquer forma como algo
contemporâneo deste tempo, ou do passado.
Para entendermos: creio que se a arte
contemporânea não acabou, está com os dias contados. E para os arte-educadores fica um alerta: as crianças desta geração não se sentirão satisfeitas com a toda poderosa arte
contemporanea, um "cá entre nós" eu creio que na verdade elas achem primário. Problema é dos adultos deste tempo, que não conseguem nem perceber elementos visuais para interpretar um
objeto "
abstrato".
Bom, a nova geração me enche de expectativa, "...o destino é inexorável..." (Mago
Merlin, nas
crônicas do Rei Artur, Bernard
Cornwell)