terça-feira, 31 de março de 2009

Os Direitos da Floresta

Neste dia 19 de março, o Supremo Tribunal Federal manteve a demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Os ministros decidiram pelos direitos constitucionais dos índios e pela retirada dos produtores rurais que ocuparam a região. As terras denominadas indígenas são propriedade da União, mas de usufruto das populações tradicionais.

No Supremo, dez votos em favor da validade da demarcação decidiram o destino de mais de 18 mil índios das etnias Makuxi, Wapixana, Ingarikó, Taurepang e Patamona, em Roraima. Tais etnias têm contato com outras culturas há cerca de 200 anos, mas ainda mantêm sua língua e seus costumes.

O cumprimento da decisão do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, cabe ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. A supervisão fica por conta do ministro Carlos Ayres Britto.

De forma conjunta a essa decisão, foram estabelecidas 19 condições que nortearão esta e futuras demarcações. Dentre as imposições estão: a proibição de ampliar terras indígenas demarcadas, a intervenção militar e atuação da Polícia Federal e do Exército independentes de autorização ou consulta à Funai e aos nativos.

A conquista quanto à ocupação indígena não pôs um fim a tais questões relacionadas à terra. A definição e o emprego das condições do Supremo precisam do cuidado, verificação e acompanhamento da sociedade para que seu fim seja a manutenção dos direitos constitucionais dos indígenas.

Outra história de luta por preservação

Os acontecimentos em relação às terras indígenas Raposa Serra do Sol e sua cobertura pela mídia retomam um fato de anos atrás também relacionado à Amazônia e preservação: o assassinato de Chico Mendes. No ano passado, 2008, lembramos (ou deveríamos ter lembrado) os 20 anos da morte do líder seringueiro.

Nas lutas pela Floresta Amazônica, ele buscava reunir os interesses tanto de seringueiros como dos povos indígenas, castanheiros, pescadores e populações ribeirinhas por meio do projeto de reservas extrativistas. Com essa solução, haveria a conservação das terras dos índios e da floresta e abririam caminho para a consolidação de uma reforma agrária.

Uma prova do desprezo pelas questões dos seringueiros liderados por Chico Mendes foi a ausência de qualquer nota ou menção nos principais jornais de São Paulo, no dia posterior, acerca de sua morte. Nos outros dias que se seguiram, pequenos espaços foram cedidos ao assunto, mas sem grande destaque.

Durante sua luta pela sustentação da floresta, a omissão e distorção de informações trouxeram prejuízos irreparáveis, como o crime cometido contra esse líder. O sindicalista já havia avisado sobre ameaças e a possibilidade de ser assassinado. Temia ser morto antes do final do ano, o que aconteceu em 22 de dezembro de 1988. Seu aviso prévio não teve repercussão.

Com esse passado violento na questão da distribuição de terras, é fundamental que exista, além de um alerta, um compromisso do Estado e dos veículos de comunicação em indicar uma direção para a preservação tanto do modo de vida dos nativos quanto das reservas ecológicas.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Indagações acerca do desvalor.

Certamente, tal título causará estranheza, mas deixe-me esclarecer. Na verdade me ocorreu com algumas coisas que aconteceram recentemente, e percebi que nós desvalorizamos as coisas muito rápido. Por exemplo, almejamos tanto algo, fazemos de tudo para consegui-lo, no entanto, quando conseguimos após um breve período nos "acostumamos" e a impressão é de que tal conquista "ficou sem graça".

Contudo passei a pensar sobre qual a origem deste pensamento comum, o que torna as coisas que tanto nos custou, descartáveis. Nós quando espermatozóides lutamos tanto pela vida, para ter oportunidade de respirar, que quando passamos a fazer isso, muitas pessoas logo acham algo tão comum, e não percebem o milagre que é cada inspiração, cada expiração. Oras devíamos valorizar sim tal fato. Porém andei por algumas culturas mais antigas, e a actual. Antigamente a relação do homem com as coisas naturais e com a sua própria humanidade era algo totalmente valorizado. Hoje nós não valorizamos nem a natureza, quanto mais nossa humanidade. Fico pensando se tem algo a ver com a filosofia capitalista, por exemplo: Temos um aparelho celular que nos atende perfeitamente. No entanto, quando se lança um esteticamente mais bonito, com uma outra função magnífica. A maioria passa a desejar, senão troca o seu produto. E óbvio isso é aplicado à diversos outros "mals" materiais que temos.

Não quero aqui execrar uma ou outra vertente política, só estou pensando se a filosofia capitalista e a contribuição da midia não deturpam tanto as pessoas, que passam a tratar uma as outras como meros produtos. Assim os pais se tornam obsoletos, os amigos moda, a namorada boneca inflavel, os colegas ferramentas, os velhos peças de ferro velho, as pessoas meros representantes do cenário da vida de cada um. A natureza? Talvez um meio de atingirmos o topo de uma filosofia como a capitalista, que se desenvolve basicamente da exploração, ou estupro da matéria prima.

Enfim, onde está a humanidade nos homens ? E onde ele se acha no espaço da natureza ? Dono ou parte ?

domingo, 29 de março de 2009

Saudade de Mali

Como só eu estou disponível para atualizar isso, ao que parece, lá vou eu divagar sobre minhas divagações (?). E como o que me interessa é música, vou incitar vocês a uma reflexão daquelas bem reflexivas (preciso parar com isso). Estou a explorar toda a diversidade musical do mundo. Tenho ouvido sonoridades indianas (e não é por causa daquela novelinha chinfrim, não), escocesas, cubanas, inglesas, francesas, africanas - ah, Mali...hum -, inglesas e americanas, que pra mim ainda é o país que melhor faz música. E corriqueiramente nos esquecemos da mãe-pátria, idolatrada, salve ouvindo o Ipiranga... e aquela coisa toda que ninguém sabe cantar, mas adoram fingir que cantam: O Brasil, minha gente!

É, e nesses estudos e descobrimentos que tenho feito me surpreendi com a quantidade de artistas musicais de qualidade nesse país. Confesso, porém, que meu conhecimento é, ainda, pouco vasto e ignóbil à atualidade. Me surpreendi, pois eu sempre achei que música no Brasil se resumisse ao samba-raiz de 1940 à 50, bossanova de 1960 à 70, movimento do rock brasileiro na década de 80, o B'rock, e mais algum artista ou movimento pontual que surgira em alguma outra década. Mas não! A coisa é mais complexa do que se pode imaginar.

Os anos 60 e 70 foram muito prolíxos no nordeste brasileiro, e constituiram movimentos importantes do rock psicodélico, com o Ave Sangria e Quintal de Clorofila. Ainda na década de 1970, o ocidente se entregava ao rock progressivo britânico e italiano - eu irrelevo o que os Beattles fizeram, porque tenho uma opinião muito embasada sobre eles, que consiste numa supervaloriação de produto - e ao folk americano de uma forma geral. No Brasil, apesar de pouco se falar, nasceram muitas bandas de rock progressivo, como Bacamarte e A Barca do Sol. Sem falar dos clássicos Secos & Molhados e Os Mutantes, representando outra vertente.

Seguindo para uma linha um pouco mais experimental temos nada mais, nada menos que Hermeto Pascoal, jogado às traças em sua própria terra e louvado por toda a Europa, além de Egberto Gismonti, Itiberê Família e Orquestra (este que tocou com Hermeto durante um longo período) e Som Imaginário. Há muitas outras que me esqueci de citar, ou desconheço, mas que merecem a devida atenção.

Me lamento por saber que muitos de minha geração, e de gerações conseguintes, jamais terão o privilégio de, sequer, saber quão importante foi o movimento cultural alternativo brasileiro nessas décadas, e carregarão consigo a estirpe de seu tempo de um rock barato, de uma música insossa, vendável e sem apuração técnica ou ideológica. Nem citarei os artistas que preenchem estes requisitos, porque é mais fácil enumerar os bons aos mals.

Mais triste é saber que a mídia que deveria enaltecer os 'grandes' deste país, fez vista grossa com grande parte (aeeee, sabia que ia ter alfinetada no sistema) da história musical contemporânea nacional. Resta a nós mergulhar de cabeça nessa coisa chamada internet e ir atrás das boas sonoridades, porque se depender de MTV ou rádio MIX, bicho, você já era.

sábado, 28 de março de 2009

Mali, a Terra da Garoa


E aqui estou mais uma vez, na madrugada de sexta para sábado. Dizem que a inspiração não tem hora para aparecer, não é? Estava dormindo deliciosamente ao som de um músico maliano (?), de Mali (!) - quem não me conhece já deve ter percebido que a música tem um espaço na minha vida maior que o da Igreja Universal no canal Record de madrugada - e tive um sonho interessante, pra mim, evidente, não pra vocês e por isso mesmo não irei contar (aliás, têm sido rotina ter bons e estranhos sonhos). Mas acordei com a impressão de estar chovendo. Não uma chuva torrencial, uma tempestade e sim uma garoa fraca mas cortante e constante. Talvez em Mali chova bastante, não sei. Acordei também pensando no sonho e no que aconteceu - tá, vou contar um trechinho dele - onde uma amiga foi viajar comigo para a casa de um parente meu, em Jacareí, e de uma hora para outra ela desapareceu. Onde você foi parar, Tainah? Talvez tenha sonhado com ela por ter conversado minutos antes com a própria ao telefone ou talvez porque ando meio preocupado com a menina. Enfim, sonho estranho.

Mas acordei pensando na Tainah e na chuva, embora soubesse que ela estava bem em sua casa. Mas e a chuva? Ouvia até relâmpagos distantes. Então acordei de vez, olhei através da janela e observei que apesar do tempo nublado, característico de outono, a chuva não existia. Claro, no outono dificilmente chove! Mas a impressão ficou e até torci para que tivesse garoando, como pensei estar. Então despertei de vez e troquei a trilha sonora da minha noite, vim para a internet e ao bater os olhos nas notícias do Uol, que é minha página inicial do meu navegador, vi que a Srta. Daslu foi solta e deve estar em casa, comendo um caviar - pobre sempre pensa que rico come caviar e toma champagne, como se fosse o que eles fazem o dia todo - e lembrei do Raul, que na postagem anterior citou o caso. E também vi algo sobre o Obama, de relance, que me fez lembrar de uma amiga chamada Ana e mais alguma coisa sobre comida que me fez lembrar das minhas, outras, amigas Camilas. Acho que é saudade desse povo. Mas ainda tenho a impressão da garoa.

Troquei a trilha sonora da minha noite, como dissera anteriormente, e coloquei o albúm Dreamland de Madeleine Peyroux, intérprete de jazz americana, que canta também em francês, que por sinal é o idioma de Mali. Que país simpático, deve estar garoando por lá. No fim das contas, acho que eu vou ver Fala que Eu Te Escuto, na Record... uma boa noite à todos. E como sugestão musical deixo duas: Ali Farka Touré (aquele músico da simpática Mali) e Madeleine Peyroux (do não tão simpático Estados Unidos, do Obama). E, por preocaução, andem com seus guarda-chuvas à mão.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Palhaçada coberta de Luxo

Acabei de me deparar com uma notícia que me deixou revoltadíssimo. Oras, claro que pelo título podemos ter certa idéia. Luxo. Certamente estou falando do envolvimento dos donos da grandíssima Daslu, em diversos crimes, e daqueles que você fica abismado porque é tão desnecessário. Visto que os irmão donos da Daslu, herdaram a empresa dos pais. Ou seja, já abtinham uma vida razoável.


Nunca é o bastante, há pessoas que querem sempre mais, nunca estão satisfeitas com nada. No Brasil, há milhões de famílias SOBREVIVENDO com menos de 500 reais, e há ainda uma classe burguesa, suja, que fede à impunidade de seus crimes pútridos e sem vergonha ! Oras, não era necesário sacanear, mas o pensamento mesquinho dentre outros, levam algumas pessoas a quererem sempre mais e mais.


Antes de entrar em outra questão, como o pensamento mesquinho. Só pra encerrar minha indignação com o caso Daslu, é o seguinte: A mulher, dona de lá, infelizmente, sofre de câncer e de outra doença que atinge a coluna, senão me engano. A advogada da mulher, diz que sua prisão é DESUMANA ao afirmar que ela não pode ficar em lugar fechado, ou seja encarcerada, porque pode ter o risco de se obter infecção generalizada. E outra, que ela sofre, por sentar num lugar duro como a cela. Pelo amor de Deus !


Oras bandido tem que tomar punição sim pelo que fez. Se essa mulher foi realmente culpada de tudo que lhe foi acusado então merece ser tratado como igual. Não estou aqui querendo julgar ninguém, mas acredito que a lei e seus recursos têm de servir à todos sejamos ricos ou pobres.


Enfim, há pessoas que possuem muitas coisas, mas não se dão conta de como são abençoadas, de como tem sorte, queiram os ateus. E por não se darem conta, inconscientemente, às vezes fazem coisas que analisando-se céticamente pode-se chamar de idiotice!

Gis


Era como um sonho... Ou como a realidade deveria ser. Ali, de alguma forma, sentindo o momento e nada que não fosse aquilo importava. Eu e Dave Brubeck. Eu ali, ele também, a fazer a trilha sonora de minha noite, tocava Strange Meadow Lark. Aquelas notas me fazendo viajar, alucinar. Seu piano e aquelas notas... Ele tocava para mim, e agora tocava para ela também. Ela, seu rosto, seu cheiro... Aquelas notas eram para nós dois. Traçava sua silhueta com meus dedos. Paul Desmond soltava suas frases em seu sax e obrigava-nos a dançar... Juntos, eu, ela e aquelas notas. Senti o seu perfume, a maciez de sua pele, a textura de seu cabelo e alucinava... Que mulher!

A música acabara, as notas se foram e ela também. Gerry Mulligan tocou pra mim Night Lights. Mas agora estou só, ali, aqui, em todo o lugar, naquele vazio. Aquele piano, E cadê as luzes da noite? A única luz que vejo é a do meu cigarro aceso. Tóxico, impregnando com sua fumaça as paredes, a roupa, a mim. Onde estão as luzes da noite? Sou eu, meu cigarro e as outras notas, vindas devagar, penetrando lentamente em minha mente, como as gotas da torneira demoram a cair. Essa música à tirou de mim, não havia mais dança, nem cheiro ou toque... Havia eu, meu cigarro e essas outras notas, que a tiraram de mim.

Havia a escuridão, era como um sonho... Ou como a realidade deveria ser. O piano era den-so como a escuridão, as outras notas pesadas, como meus olhos semicerrados... Que já não...

Nascimento

Há algum tempo atrás, havia uma vontade agoniante, de eu poder expressar o que estava sentindo na época. Me sentia mesmo como um vulcão prestes a lançar o caos pela boca. Mas era um projeto um pouco audacioso. Então recorri aos meus amigos. Eu obviamente não tenho tantos assim, por isso fui em busca dos melhores.

Ao recorrer à eles tentamos materializar a idéia de um projeto, no entanto por alguns problemas de um grupo mal organizado, e principalmente todos querendo explodir, entrar em erupção, impor suas idéias, hahaha afinal se não fossem complicados certamente não seriam meus amigos.

Hoje a possibilidade do Blog pareceu-me mais acessível, dará cabo de diversos problems, mas cortará as histórias em quadrinhos, por isso não reclamem, quem sofrerá mais sou eu. Mas a verdade é que hoje me sinto como um poço vazio, preciso voltar a exercitar minha criatividade, meu raciocínio, afim de partir pra uma jornada em busca da minha boa e velha arrogância. hahahaha.

Sem atrevimentos esse blog, se meus amigos fizerem o grande favor de postarem, creio que vai ser uma ótima leitura. Há pessoas nesse grupo que tem divergências de idéias e argumentos suficientes para sustentá-las. Somos jovens, temos sede de um mundo melhor, de novas idéias e de coisas boas. Por isso preparem-se...