domingo, 29 de março de 2009

Saudade de Mali

Como só eu estou disponível para atualizar isso, ao que parece, lá vou eu divagar sobre minhas divagações (?). E como o que me interessa é música, vou incitar vocês a uma reflexão daquelas bem reflexivas (preciso parar com isso). Estou a explorar toda a diversidade musical do mundo. Tenho ouvido sonoridades indianas (e não é por causa daquela novelinha chinfrim, não), escocesas, cubanas, inglesas, francesas, africanas - ah, Mali...hum -, inglesas e americanas, que pra mim ainda é o país que melhor faz música. E corriqueiramente nos esquecemos da mãe-pátria, idolatrada, salve ouvindo o Ipiranga... e aquela coisa toda que ninguém sabe cantar, mas adoram fingir que cantam: O Brasil, minha gente!

É, e nesses estudos e descobrimentos que tenho feito me surpreendi com a quantidade de artistas musicais de qualidade nesse país. Confesso, porém, que meu conhecimento é, ainda, pouco vasto e ignóbil à atualidade. Me surpreendi, pois eu sempre achei que música no Brasil se resumisse ao samba-raiz de 1940 à 50, bossanova de 1960 à 70, movimento do rock brasileiro na década de 80, o B'rock, e mais algum artista ou movimento pontual que surgira em alguma outra década. Mas não! A coisa é mais complexa do que se pode imaginar.

Os anos 60 e 70 foram muito prolíxos no nordeste brasileiro, e constituiram movimentos importantes do rock psicodélico, com o Ave Sangria e Quintal de Clorofila. Ainda na década de 1970, o ocidente se entregava ao rock progressivo britânico e italiano - eu irrelevo o que os Beattles fizeram, porque tenho uma opinião muito embasada sobre eles, que consiste numa supervaloriação de produto - e ao folk americano de uma forma geral. No Brasil, apesar de pouco se falar, nasceram muitas bandas de rock progressivo, como Bacamarte e A Barca do Sol. Sem falar dos clássicos Secos & Molhados e Os Mutantes, representando outra vertente.

Seguindo para uma linha um pouco mais experimental temos nada mais, nada menos que Hermeto Pascoal, jogado às traças em sua própria terra e louvado por toda a Europa, além de Egberto Gismonti, Itiberê Família e Orquestra (este que tocou com Hermeto durante um longo período) e Som Imaginário. Há muitas outras que me esqueci de citar, ou desconheço, mas que merecem a devida atenção.

Me lamento por saber que muitos de minha geração, e de gerações conseguintes, jamais terão o privilégio de, sequer, saber quão importante foi o movimento cultural alternativo brasileiro nessas décadas, e carregarão consigo a estirpe de seu tempo de um rock barato, de uma música insossa, vendável e sem apuração técnica ou ideológica. Nem citarei os artistas que preenchem estes requisitos, porque é mais fácil enumerar os bons aos mals.

Mais triste é saber que a mídia que deveria enaltecer os 'grandes' deste país, fez vista grossa com grande parte (aeeee, sabia que ia ter alfinetada no sistema) da história musical contemporânea nacional. Resta a nós mergulhar de cabeça nessa coisa chamada internet e ir atrás das boas sonoridades, porque se depender de MTV ou rádio MIX, bicho, você já era.

2 comentários:

  1. Muito interessante, em breve pesquisarei tais nomes.

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  2. Ahahahaha, esse post foi sensacional... Puta merda, uma obra de arte, com toda humildade.

    Isso poderia ser tése de conclusão de curso.

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